Por que a família do paciente bipolar pode precisar de psicoterapia assim como ele?

Em um primeiro momento a família pode precisar de acompanhamento psicoterápico, por dois motivos: o distúrbio pode afetar todos que convivem diretamente com o paciente e segundo, porque é necessário existir orientação a respeito de como lidar no dia a dia com os portadores do transtorno.

Mas afinal, o que é ou como é esse transtorno?

O transtorno bipolar é caracterizado pela mudança abrupta do humor que oscila entre episódios de depressão e mania. As crises possuem variações quanto a intensidade, durações e frequência com que elas ocorrem.

As oscilações refletem de forma negativa nos pacientes, uma vez que eles respondem exageradamente aos fatos ocorridos e ao que serviu como gatilho para tal reação.

O público mais afetado com esse transtorno está na faixa dos 15 aos 25 anos, podendo atingir crianças e pessoas com mais idade.

Os manuais internacionais de classificação diagnóstica (DSM.V e o CID-10), classificam o transtorno bipolar nos seguintes tipos:

  • Transtorno bipolar Tipo I

O portador do distúrbio manifesta períodos de mania, que duram no mínimo uma semana, e fases deprimidas, que se estendem de duas semanas a vários meses. Seja na mania ou na depressão, os sintomas são intensos e resultam em mudanças comportamentais e de condutas de forma bastante acentuada, que por vezes comprometem relacionamentos afetivos, familiares e sociais, além de atrapalhar o desempenho profissional. Dependendo da intensidade do quadro pode ser necessário o internamento por causa do risco aumentado de suicídios e da incidência de complicações psiquiátricas.

  • Transtorno bipolar Tipo II

Neste tipo também existem alterações de humor, no entanto são menos intensas. A mudança entre os estados de depressão e os de hipomania (condição mais leve da euforia e agressividade), acontecem sem muitos estragos nas atividades e convívio geral do portador.

  • Transtorno bipolar não especificado ou misto

Apesar dos sintomas sugerirem o diagnóstico, eles não são suficientes tanto em números de acontecimentos, quanto na duração dos episódios. Dessa forma não se enquadram nos tipos anteriores.

  • Transtorno ciclotímico

Encontramos aqui o quadro mais leve do transtorno, sendo marcado por alterações crônicas do humor, que podem acontecer no mesmo dia. O paciente transita entre sintomas de hipomania e de depressão leve, que muitas vezes são interpretados como temperamento instável ou irresponsável.

Entre as causas do transtorno bipolar, estão fatores genéticos, alterações em certas áreas do cérebro e nos níveis de vários neurotransmissores que estão envolvidos. Obviamente que as causas não se limitam apenas a esses fatores, outras questões como episódios recorrentes de depressão ou início precoce dessas crises, puerpério, estresse prolongado, remédios inibidores do apetite e disfunções da tireoide, como o hipertireoidismo e o hipotireoidismo também podem contribuir com o surgimento do transtorno.

O diagnóstico do transtorno bipolar é clinico e realizado com base nos sintomas relatados pelo paciente e em sua história, além dos relatos dos familiares e amigos que também são levados em conta. Esse diagnóstico pode levar cerca de dez anos para ser concluído, uma vez que podem haver confusões de doenças como esquizofrenia, depressão maior, síndrome do pânico e distúrbios da ansiedade. É de extrema importância diagnosticar corretamente, porque assim será possível destinar o tratamento adequado ao portador.

Apesar de não ter cura, o transtorno bipolar pode ser controlado. O tratamento ocorre por via de medicamentos, psicoterapia e mudanças no estilo de vida, que estão ligadas ao consumo de substâncias psicoativas, como álcool, cafeína anfetaminas, cocaínas entre outras. Aliado a isso é importante desenvolver hábitos saudáveis de alimentação, sono e diminuição no estresse.

Orientações para pacientes de transtorno bipolar e seus familiares:

  • Fidelidade ao tratamento é a melhor forma de prevenir o descontrole emocional e a frequência das crises, assim é possível levar vida praticamente normal;
  • Os remédios são ajustados com o avanço do tratamento, pois nem sempre fazem o efeito desejado nas primeiras doses;
  • Viver longas crises depressivas sem o cuidado adequado podem aumentar em 15% o risco de suicídio nos pacientes bipolares;
  • É comum pacientes buscarem alívio dos sintomas no álcool e em outras drogas, entretanto só agravam o quadro;
  • As mudanças entre as fases de depressão com a de mania dão a falsa ilusão de cura e que não necessitam de tratamento erro muito comum entre os pacientes.

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